terça-feira, maio 22, 2012

Sonetinho de amor

Estávamos ambos postos em sossego;
afastados em direção oposta ao perigo;
sabíamos o duro e sabíamos o meigo:
desconhecíamos o mesmo inimigo.

De corpos diametralmente isolados,
atraídos em imã da insensatez,
fomos lado a lado deslocados:
perdemo-nos de uma só vez.

E dizem, aqueles que nunca amaram,
que à força do mundo se opõe a humana!
Não tenho notícias dos que triunfaram...

Só sei que tirados de algum nirvana,
os olhos em encontros se iluminaram,
e justificaram a trajetória mundana.





2 comentários:

  1. Pegou o lance do "desafio", cara pálida? Bem sucedido, pois. Belo artesanato (no bom sentido) com as falsas facilidades dos sentimentos. Belas imagens também (o que não é novidade). Acentuação dissonante do sáfico e também do heroico, mas nervosa e envolvente.
    Parece-me, até, que o tom (neo)platonizante(?)- à Leão Hebreu, dos Diálogos de Amor? - combina bem com o soneto (injustamente, no título, "inho").

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  2. Injusto "inho"! A que se deve esse diminutivo?

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