“Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia”.
(Lucas 24:29)
Las estrellas entonces ennegrecen.
Han vuelto al dardo insomne
a la noche perfecta de su aljaba.
(Muerte sin fin, José Gorostiza)
Súbito, dou-me conta
de que estou sozinho.
Sei-me entre outros,
em plena mulidão,
mas me passa um arrepio,
um arrependimento, um não-sei,
e em ondas de silêncio,
naufrago-me em mim mesmo.
Não mais reconheço
aqueles que foram expulsos
comigo da mater-terra,
e arrastaram-se, abandonados,
pelas trilhas inóspitas,
nunca antes caminhadas.
Não são mais familiares,
os olhares, que como o meu,
buscaram na primeira madrugada,
o conforto no calor alheio.
Perseveramos, no entanto,
e cantamos a primeira voz:
ganhamos nomes, demos nomes,
afastamos as trevas
pelo verbo-luz.
Onde estão todos?
Quando nos perdemos?
Quem disse a palavra
que criou a Lâmina
e nos cindiu, para sempre?
Por que nada vi?
Engatinhei, imerso
em meu imenso vazio,
sedento de bastar-me...
Quando levantei, agora,
os olhos, não mais te vi.
Não mais os vi.
Não mais me vi.
E tudo que soa
é o arrastar familiar
da noite sem fim,
que, se começou no outro,
anoiteceu em mim.
É um texto muito bem feito!
ResponderExcluirPercebe-se o movimento descensional, a perda deste diferente Éden, pois "mater-terra", mãe de todos os pecados. Pecado da escrita também, do desespero-ânsia por salvação, ou "verbo-luz".
Belo poema!
É nóis...
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