terça-feira, novembro 02, 2010

Vida inteligente

De todas as espécies, classificadas por eles mesmos como animais, eles são de fato únicos: inventaram para si sistemas que os controlam em grupos, alguns lógicos, outros nem tanto. São tão ilógicos a maioria desses pretensos controles, que precisam colocar por escrito e de grupos para controlar a execução e a própria compreensão. Por milênios, adaptam suas necessidades de evolução aos seus sistemas. Isso os torna únicos porque contrariam muitas vezes a própria natureza da evolução: sem algumas dessas leis, sem dúvidas seriam uma espécie menos populosa e melhor adaptada ao mundo em que vivem e o que criaram.
Criaram, como suas crianças, uma espécie de jogo chamado “economia”, que os divide entre os que possuem o “dinheiro”, objetivo desse jogo, e os que não possuem. Não satisfeitos, dentro desses mesmos grupos, encontraram outras maneiras de distinção: altura, cor de olhos, cor de cabelos, peso. Numa combinação entre esforço pessoal e loteria genética, inventou-se um modelo de ser ideal, que se impôs sobre todos os outros modelos. Interessantes animais, esses.
O mais interessante, do ponto de vista histórico e evolutivo, é notar que o mundo idealizado por eles não consegue eliminar ainda o fator da sua própria natureza: são no fundo, animais como os das outras espécies que vivem nesse improvável planeta. Entretanto, mais cruéis, já que possuem a capacidade de causar dor sem nenhum intuito razoável ou lógico: não estão defendendo um território ou marcando seu espaço; simplesmente causam dor porque podem. Ainda não se encontrou nada similar nessa biosfera.
Há alguns centros em que seu conhecimento acumulado por milênios é passado para alguns “eleitos”. Esses passam por uma prova eliminatória, extremamente disputada, vencida na maioria das vezes por aqueles que fazem parte do grupo dos já vencedores do jogo chamado “economia”. Seria uma espécie de centro que privilegiaria os melhores entre os melhores, treinando-os para ser ainda melhores. Seria, pela lógica que aqui adquire outros sentidos, um sistema que formaria aqueles que poderiam corrigir, adaptar, melhorar a sobrevivência caótica de sua espécie. Afinal, toda espécie precisa de um clã dominante, eleito por suas qualidades para dirigir os restantes.
Por isso, o relato a seguir será seguido de ausência de análise posto que é ininteligível e impossível de ser comparado com qualquer outra manifestação já registrada . Espera-se que em algum momento o silêncio aqui devotado ao desconhecido possa ser preenchido por alguma explicação que não seja a constatação de que há no universo visível e invisível, forças autodestrutivas, pois contrariaria todo o propósito físico até então registrado. Uma supernova se consome para recriar matéria negra e manter o equilíbrio de vastidões do espaço. Algumas espécies se consomem para garantir a sobrevivência de poucos membros e de sua própria história,, do seu conhecimento. O relato a seguir não tem explicação e foi retirado de um dos veículos que eles usam para se comunicar:

“ Universitários da UNESP fazem Rodeios de Gordas: incentivados por milhares de outros, alguns universitários montam sobre meninas obesas até derrubá-las, como se elas fossem gado. Aos gritos de “Pula, gorda”, “Eia, balofa”, os rapazes tentam ficar o maior tempo montados sobre meninas acima do peso, enquanto os outros estudantes vibram e gritam palavras de apoio aos ´cowboys’, entre eles, muitas meninas. A direção da universidade irá investigar, mas já declarou que “o espírito da universidade é incentivar a competição e a socialização dos estudantes que serão no futuro, os líderes de seus ramos’. “

Para constar: não houve nenhum tipo de punição.

Se em algum momento essa biosfera tornar-se necessária para a colonização, recomenda-se a eliminação dessa espécie.

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