quinta-feira, novembro 25, 2010

Encontro marcado.

É no silêncio palpável e palatável,
que me desafio a me encontrar.
Não quero o sorriso fácil do encosto do ombro.
Quero a cara dura dos dias secos.
Essa visto bem.
Essa que não me encara pois meus olhos são ligeiros,
essa há de ser não só minha,
mas para mim.
Sei que não será num campo
de orquídeas ou mesmo de sol.
Será durante os latidos dos cães,
afoitos pelos sons das ruas e das sirenes.

Nesse breve intervalo me olharei.
Não o ser que quis e nunca,
nem o que foi e também mora no nunca.
Mas o pálido reflexo do que me resta entre os dedos:

os dias, longos dias, distraídos pelos sons dos cães.
As noites, longas noites, mais longas do que qualquer braço
amigo pode tocar.

5 comentários:

  1. Silêncios palpáveis, dias secos, sirenes, noites longas... Nada a se fazer quando tudo isso se torna demasiadamente familiar.

    Aliás, "paleatável" seria um neologismo?

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  2. Simplesmente belíssimo!
    A cada visita fico mais encantada com tuas palavras.
    Ultimamente minhas semanas estão sendo feitas de longos dias e noites escuras, nas quais acordo no meio da noite com um enorme aperto no peito, de saudade...

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  3. Não é neologismo. É preguiça somado aos dedos mal treinados em digitação...

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