quinta-feira, outubro 28, 2010

Admirável mundo novo

Houve um tempo. De fortes. Ou é forte apenas aquilo que nos resta, no coração ou na ilusão? Tempo de horizontes. Ou de janelas entediadas? Mas houve um tempo. Que as palavras, às vezes, resgatam, pelo tempo infímo que dure o som delas. Mas que as pedradas, no peito, marcam para sempre. Houve o tempo das palavras. Houve o tempo das pedradas. E hoje? Qual o tempo que nos resta? Ligo a televisão e dou boas vindas ao absurdo do mundo se esvaindo nas marcas de celulares, nas poses calculadas dos manequins, nas notícias de hoje que amanhã serão esquecidas. Bem-vindo seja tú, mundo morto, de bonecos ventríloquos e sorridentes. Seria este espaço mais um epitáfio deste nosso mundinho? Há o tempo das pedradas. Há o tempo das palavras. Espero que não. Desligo a televisão e é só isso que quero sentir. O esperar. Pego uma pedra no chão da minha memória. Pedra feita de palavras, de um tempo forte. De fortes. E arremesso. Que te atinja em teu peito e lá, fique, marcada para sempre.

2 comentários:

  1. Estupendo.
    Lendo este magnífico post lembrei-me de meus mais profundos sentimentos...

    Saudações!

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  2. Só não se vicie nos seus sentimentos...vão te nomeá-la "desajustada" ou "desajuizada". Agradecimentos aos seu comentário.

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