terça-feira, outubro 12, 2010

Menos rugas, menos rusgas

Não sei exatamente quando eu deixei de me envolver emocionalmente com as pessoas, especialmente as mulheres. Bêbado, sei que amo todas, indiscriminadamente. Sou capaz de prometer minha alma. Mas isso dura pouco. Exatamente até o primeiro copo de café forte, sem açucar. Nem sempre foi assim...Creio, no entanto, que minha cota de amores se foi e restou somente (acho que deveria colocar aspas em somente) a questão sexual. Não é ruim. Ruim é ver olhos desesperados(porque convenhamos, olhar para mim com amor é desespero...)e saber que vai magoá-los. Há sempre um demônio cantando como pano de fundo: You can´t always get what you want...e vida que segue.
O amor me parece superestimado. Não, vou reescrever essa frase. Relacionamentos me parecem superestimados. Muita propaganda de margarida, muito filme desse filão. Tive minha cota de filmes, alguns bons, outros medíocres. Rezei muito para conhecer "a mulher". Rezei muito para "a mulher" ir embora. Hoje rezo, pateticamente, por não morrer em casa, sozinho, para não dar trabalho para meus amigos e parentes. Deixo um recado para a arrumadeira, que vem semanalmente, pregado na geladeira: "Se eu estiver morto, ligue para a funerária e eles sabem o que fazer".
Não há tristeza, nem melancolia, pois nada há além da constatação que, em algum momento, nada haverá. Não haverá muito para chorar nem para rir. Se Deus existe, ele mandará um dos seus anjos me avisar uns cinco minutos antes que será minha hora. Vou abrir um vinho que guardo há bom tempo, comer uma bolacha de água e sal e pensar comigo mesmo: "Me ferrei. Há Deus, logo eu devo ir para o outro lado." Se não existe, a arrumadeira vai tomar um belo de um susto...Nada como uma saída digna de uma vida sem grandes sentidos...

2 comentários:

  1. Acho que você está a mentir. Sim, perder as ilusões com qualquer alteridade que seja é mais do que possível. Dizer, no entanto, que os olhos do Outro, principalmente de uma mulher, não o enternecem mais me parece uma confissão do tipo: "Ninguém chegou aos pés de minhas idealizações, logo ninguém é digno de mim e, ao fim e ao cabo, pobre de mim!".
    até mais,
    j.e.

    p.s.: pior é que gostei, mais uma vez, do texto.

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