quarta-feira, outubro 06, 2010

O Espelho

Sem poder pagar direitos autorais, mas prestando homenagens sinceras e me procurando entre aquelas sábias palavras, dou aqui um passo. O primeiro. Já sem saber se haverá outros. Vai depender daquilo que este espelho, esfumaçado, me apresentar...E já não gostei. Eu sempre faço caretas ao espelho. Eu sei que sou, ideologicamente, uma espécie de careta ao mundo e ao que quer que seja. Não é má-educação. É princípio. E não é uma careta arrogante. É o meio termo entre a brincadeira leve e a séria desconfiança das coisas. Passo a mão no espelho, tentando melhor me ver. Piorou. Os olhos não são a janela de nada, ainda mais se você está com sono. As rugas não demonstram a vivência e sim falta de cuidado com a pele. A boca que sorri, ou que beija, como diria o grande poeta, é a mesma que escarra...
Difícil querer continuar no espelho. Posso sentir falta da farda de alferes ou ver uma fera. Posso me ver. Posso não gostar, o que me levaria a refletir sobre mim? Posso gostar, o que me levaria a refletir sobre o ser que reflete sobre mim? Vislumbro algo...Escuto algo...distante ainda...parece a entrada de um labirinto...parece o som de alguma criatura meio humana, meio animal. Vou? Não tenho a minha Ariadne e nem sou filho de deus. Então, vou, pois a graça é exatamente saber-se humano, demasiado humano e não querer estar abençoado ou protegido...E olho para além do espelho...

Um comentário:

  1. André,

    O espelho do Narciso, isso sim! É brincadeira, gostei do texto.
    Só não gostei muito do "design" do blog. Meio fru-fru, não?
    até mais,
    j.e.

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