sexta-feira, maio 06, 2011

Hello, dark, my old friend...

  Olhar-me ao espelho não é uma possibilidade de auto-ajuda ou auto-crítica. É perceber que, no final, será essa a única companhia que tive pela atribulada vida. Todos os rostos que, por algum momento dividiram esse espaço, foram como a pedra drummoniana, a me distrair de que, a solidão não é um estado: é uma essência.

  Inventamos deuses, cânticos, heróis, mitos, amigos, a linguagem, a infâmia chamada alma, a desculpa chamada lógos, não para entendermos o universo. Inventamos para cobrirmos, de tempos em tempos, a imagem que reflete a única condição exata e inexorável: o fato do espelho não mentir; e a verdade chamada tempo.

 Inventamos o relógio para aprisioná-lo em outra tentativa pueril e impotente de controlar esse espírito que insistimos em querer enganar. Mas, é um espelho: enganamos a nós mesmos, como quem abre uma janela e pretende que não é a mesma vista, nem a mesma rua.

 Por isso, leio. Ali, encontro um sedativo contra o vício do espelho, o medo do espelho, a vida que só existe, de verdade, defronte ao espelho. O resto são socos no ar, fingindo ser bater de asas...

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