A porta, sempre a mesma.
A maçaneta, a mesma marca.
A mesa, inalterada.
Nas cadeiras, roupas usadas.
Sons de bule no vizinho.
O sofá, couro arrebentado.
A poltrona, sujas almofadas.
A mesinha, prato machado.
Nos bibelôs, mãos inalteradas.
Talheres e feijão, no andar de cima.
A vitrola, o mesmo disco.
A TV, o mesmo canal.
O livro, a mesma página.
No porta-retrato, velhas expressões.
Um boa-noite, entre bocejos.
O cinzeiro, o mesmo cigarro.
O copo, o mesmo vinho.
O olhar, no mesmo vazio.
No espelho, silêncio.
O verbo, perdura num céu nublado.
O retrato da rotina
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