terça-feira, abril 12, 2011

Ego hic nunc

A porta, sempre a mesma.
A maçaneta, a mesma marca.
A mesa, inalterada.
Nas cadeiras, roupas usadas.
            Sons de bule no vizinho.

O sofá, couro arrebentado.
A poltrona, sujas almofadas.
A mesinha, prato machado.
Nos bibelôs, mãos inalteradas.
             Talheres e feijão, no andar de cima.

A vitrola, o mesmo disco.
A TV, o mesmo canal.
O livro, a mesma página.
No porta-retrato, velhas expressões.
              Um boa-noite, entre bocejos.

O cinzeiro, o mesmo cigarro.
O copo, o mesmo vinho.
O olhar, no mesmo vazio.
No espelho, silêncio.

              O verbo, perdura num céu nublado.

Um comentário: